domingo, 27 de novembro de 2011

Aprendi a "voar" sozinha



Andei de baloiço e quis voar, andei de bicicleta e quis voar, andei a trepar árvores e muros e quis voar...
Aprendi a "voar" sozinha.

Margarida Cândida Jorge

O entardecer...



O entardecer
é um clarão dourado e difuso
que se espalha
nas águas do oceano.
Faz sombras nos rochedos
brinca com os corpos que dançam
embeleza as rendas das ondas
estende-se nas algas
aquece a areia
e cega os amantes...

Margarida Cãndida Jorge

AUSÊNCIA de Sophia de Mello Breyner

Sophia de Mello Breyner Andresen


Num desreto sem água

Numa noite sem lua

Num país sem nome

Ou numa terra nua

Por maior que seja o desespero

Nenhuma ausência é mais funda do que a tua.

Sophia de Mello Breyner Andresen

EU QUERIA AMAR AQUI



-Na sonoridade de um "grito" rural,

- Num silêncio cumplice em fantasias,

-Plantar em cada vaso um certo sorriso de olhar adolescente,

-Esculpir pelas trepadeiras,

-Os gestos das nossas mãos descaídas em nossos corpos,

-Quanto "sonhei" amar aqui.../... Amor,

-Exorcitar a lividez granítica da urbanidade...

-Oh! Amar assim...

-O tempo não parou...

-E tu amor...não passaste por aqui

VITOR MARQUES

ÉS O POEMA



és o poema e a aurora
que esboça no corpo um discurso húmido de cânticos nocturnos

és o poema e a fissura dos meus olhos
donde derramo a tinta com que escrevo teu nome

és o poema que perdura cardíaco
entre labaredas e jardins proibidos das geografias internas

és o poema e o consolo duma boca
que beija no ventre uma borboleta em chamas

és o poema e a navegadora sem tempo
no meu peito de pétalas secretas

és o poema e a intimidade de uma lágrima
onde sal nocturno segrega a espuma do sonho

és o poema de todos os poemas até à bruma no horizonte

MIGUEL DE CARVALHO

Uma flor humilde...

Pintura de Margarida Jorge

Creio no impossível
creio que o céu e o mar
são uma união perfeita.
E uma flor humilde
encostada a um muro
espera que alguém
aprecie a sua "beleza".

Margarida Cândida Jorge

Pensamento...

"Simpatizo cada vez mais com quem nos ajuda a remover obstáculos mentais e emocionais, e a viver de forma mais íntegra, simples e sincera."
Martha Medeiros

Reencontra...

" O imprevisto acontece e alguém te encontra, e te reencontra, te reinventa, te reencanta, te recomeça... "
Anónimo

AMIGO



Acrílico sobre tela: Friends, de Yulonda Rios

Mal nos conhecemos
Inaugurámos a palavra «amigo».

«Amigo» é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo,
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece,
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!

«Amigo» (recordam-se, vocês aí,
Escrupulosos detritos?)
«Amigo» é o contrário de inimigo!
«Amigo» é o erro corrigido,

Não o erro perseguido, explorado,
É a verdade partilhada, praticada.

«Amigo» é a solidão derrotada!

«Amigo» é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
«Amigo» vai ser, é já uma grande festa!

Sophia de Mello Breyner Andresen

Vi até ao fim...

Foto de Evelina Averynova

Vi até ao fim
o pôr-do-sol
mergulhada em sonhos.
Acendi as velas
pus a mesa
uma rosa num solitário
fiz o jantar.
Requintada
como sempre me vi
jantei acompanhada
por uma bela melodia...
Como se estivesses comigo.

Margarida Cândida Jorge

Renascer...



O tempo
cura as feridas
ficam as emoções
o essencial.
Regressam sentimentos
o amadurecimento nos ensina
que o verdadeiro amor
sabe a sua dor.
Em restos de tempo
"com asas feridas"
aprendes a voar
num céu de azul intenso
de sonhos e esperanças.
Será o renascer
de uma linda história.

Margarida Cândida Jorge (7/5/2011)

O puzlle...


Fotografia de Katia Shaucheva

Há muito
que devia ter partido
para uma longa viagem
à volta de mim.
A verdade é que os sentimentos
são fortes
sempre foram
para pouco viver.
Foram tantas as falhas
que sinto um vazio
e de olhar perdido
vejo tristeza
só a ternura persiste.
Amanhã estarei desfeita
e talvez "morta"
de sentimentos e cansaço.
E tu já não terás mais tempo
para imaginar sequer que me amaste.
Tenho certeza do que sentes.
Não por mim...

Margarida Cândida Jorge (27/5/2011)

MORRESTE-ME



"Dorme, pequenino, que foste tanto. E espeta-se-me no peito nunca mais te poder ouvir ver tocar. Pai, onde estiveres, dorme agora. Menino. Eras um pouco muito de mim. Descansa, pai. Ficou o teu sorriso no que não esqueço, ficaste todo em mim. Pai. Nunca esquecerei."

JOSÉ LUÍS PEIXOTO

RENTE A TI



meu amor… sabes,
o meu corpo quer-te,
não eu!
é na pele que te sinto… sei-o
quando fecho os olhos e não te vejo!
à noite estás rente a mim,
com a tua boca na minha,
o teu arfar dentro do meu,
os dedos cruzados nos nós que aperto...
sinto-o!
cobre-me uma humidade, não só minha,
e sei-o!
sobe-me no ventre a maré das lagoas lunares,
branca névoa saturada de vidas.
sabes, quando o meu corpo te quer,
e eu não, dói-me ainda mais a tua ausência!


LUISA AZEVEDO

sábado, 26 de novembro de 2011

UM OUTRO POEMA DE AMOR


Pintura de Helena Abreu

No fundo, as relações entre mim e ti
... cabem na palma da mão:
onde o teu corpo se esconde e
de onde,
quando sopro por entre os dedos,
foge como fumo
um pequeno pássaro,
ou um simples segredo
que guardávamos para a noite.

NUNO JÚDICE, in O MOVIMENTO DO MUNDO,

TENHO QUE REENCONTRAR-TE


tenho que reencontrar-te,
saber se os teus beijos são assim, reais,
como a minha boca conta por dentro
e se os teus dedos percorreram em mim
labirintos, teus!
... tenho que reencontrar-te,
olhar-te,
tocar-te,
cheirar-te de novo,
saber se o teu sabor é este néctar
que me corre na voz.

LUISA AZEVEDO

ALÉM-TÉDIO


Nada me expira já, nada me vive...
Nem a tristeza nem as horas belas.
De as não ter e de nunca vir a tê-las,
Fartam-me até as coisas que não tive.

Como eu quisera, enfim de alma esquecida,
Dormir em paz num leito de hospital...
Cansei dentro de mim, cansei a vida
De tanto a divagar em luz irreal.

Outrora imaginei escalar os céus
À força de ambição e nostalgia,
E doente-de-Novo, fui-me Deus
No grande rastro fulvo que me ardia.

Parti. Mas logo regressei à dor,
Pois tudo me ruiu... Tudo era igual:
A quimera, cingida, era real,
A própria maravilha tinha cor!

Ecoando-me em silêncio, a noite escura
Baixou-me assim na queda sem remédio;
Eu próprio me traguei na profundura,
Me sequei todo, endureci de tédio.

E só me resta hoje uma alegria:
É que, de tão iguais e tão vazios,
Os instantes me esvoam dia a dia
Cada vez mais velozes, mais esguios...

MÁRIO DE SÁ CARNEIRO

URGENTEMENTE


É urgente o Amor,
É urgente um barco no mar.

É urgente destruir certas palavras
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.

É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras

Cai o silêncio nos ombros,
e a luz impura até doer.
É urgente o amor,
É urgente permanecer.

EUGÉNIO DE ANDRADE

BASTAVA-NOS AMAR

Imagem de Joaquim Pessoa


Bastava-nos amar. E não bastava
o mar. E o corpo? O corpo que se enleia?
O vento como um barco: a navegar.
Pelo mar. Por um rio ou uma veia.
Bastava-nos ficar. E não bastava
o mar a querer doer em cada ideia.
Já não bastava olhar. Urgente: amar.
E ficar. E fazermos uma teia.
Respirar. Respirar. Até que o mar
pudesse ser amor em maré cheia.
E bastava. Bastava respirar
a tua pele molhada de sereia.
Bastava, sim, encher o peito de ar.
Fazer amor contigo sobre a areia.

JOAQUIM PESSOA

FIZ-ME AO MAR

Tremem-me os lábios, adejam
velas assopradas por teu fogo.
Em labaredas minhas naus navegam
tua língua, onde a minha vogo!

Náufragas caravelas, tombam
meus braços… No teu ventre afogo!
Baia de águas que mareiam,
tempestuoso o mar que arrogo!

E na tua calma me alimento,
meu dorso velejo no teu curso
para alcançar praia… Tu, nem tentas!

Em ti embalo o meu tormento,
invento o verso mais extenso.
Do nada… tudo me prometas!

LUÍSA AZEVEDO

ACORRE-ME


aprisionaste-me a noite nos olhos
enquanto a lua ocultava o sorriso.
se pudesses ver-me…
de mãos trémulas e vazias,
a dor a escorrer-me do peito,
sem luta.
se sentisses o frio que me desagasalha as palavras
e preenche o espaço entre os dedos,
onde não estás.
se percebesses o pavor do desconhecido,
invento-o.
queria proteger-me no calor do teu corpo
e demorar-me…
demorar-me,
dentro das tuas mãos!


LUISA AZEVEDO

TOCA-ME



Imagem:Pablo Picasso "Blue Nude" período azul

Um pássaro canta sobre as dunas.
Calou-se o mar nos teus cabelos. Eu perdi-te?
Uma chuva de palavras festeja as minhas mãos.
Nenhuma faz sentido. Não há rosas
que me possam pagar esta tristeza.

Apenas isto: dizer que tens um nome
que a tua própria boca desconhece.
E amar-te. Assim. Como se a morte
fosse em nós a última carícia.

Na tua boca a minha boca canta.
E os potros da alegria vão seguindo
os dedos que os teus seios enlouquecem.

Conheço-te. Estás nua no meu leito.
É em ti que a madrugada principia.
Mas quem?, quem virá dizer que a noite
tem o teu rosto e olhos clandestinos?

Toca-me. Não fales. Eu invento
as palavras que os deuses não merecem.

Joaquim Pessoa

QUERO-TE ABRAÇAR COM FORÇA


Em silêncio
Apertado
Apertadinho
Na concha do meu corpo
- em posição fetal -
No calor do meu desejo
Nem sempre sexual
Te esmagar a boca em mil beijos
Te ouvir dizer, baixinho:
Amo-te!
Te abracar de novo
Como necessidade vital
Que bom...
Ainda tenho esses desejos!
Estou viva!
O amor é minha grande...
Talvez única vocação.

Helem Mezadre

DÁ-ME


Dá-me um abraço...no cansaço de uma vontade...
Grita-me um amor na sede de um palavra “convicta”
Sufoca-me no beijo onde as nossas línguas dancem
No rimar de um entender sólido a dois...maré cheia...
De sentires e paz a dois...caminho fora até ao sol luz

Dá-me esse som, ou palavra no sorrir cúmplice coração
Aperta-me e mordisca-me o prazer, na pergunta ...acreditas?
Mergulha-me no teu seio e obriga-me a ouvir essa certeza
Pergunta-me vezes sem conta se ouvi o teu ver compreensivo ...
E anula-me a preocupação perene...com assinatura lacre real!

in DA JANELA DO MEU (A)MAR - JOSÉ LUÍS OUTONO

TERNURA

Imagem de Alex Alemany


Desvio dos teus ombros o lençol
que é feito de ternura amarrotada,
da frescura que vem depois do Sol,
quando depois do Sol não vem mais nada

Olho a roupa no chão que tempestade!
há restos de ternura pelo meio,
como vultos perdidos na cidade
em que uma tempestade sobreveio…

Começas a vestir-te, lentamente,
e é ternura também que vou vestindo,
para enfrentar lá fora aquela gente
que da nossa ternura anda sorrindo

Mas ninguém sonha a pressa com que nós
a despimos assim que estamos sós!

DAVID MOURÃO FERREIRA
in Infinito Pessoal ou Arte de Amar

DEMASIADO, FRÁGIL

Procuro um sossego por entre os passos instáveis que me conduzem. Procuro um espelho e o reflexo da imagem em que me constroem. Receio. Parece-me que a vida é uma representação para a qual não ensaiei. Olho-me. Tento perceber onde ficam as margens da máscara que me engana, ou com que engano. Involuntariamente. Não. Eu não sou assim. Será tão difícil perceber a minha fragilidade? Inquieta-me este sentir ser fraude, sem que o pretenda ser. Olho-me e não me reconheço no que os outros me vêem. Introspecção: serei tão diferente do que penso ser? Dispo-me. Mas a nudez apenas me mostra a fragilidade com que fui ser. Não me matem vivo, pois sou excessivamente ténue para resistir a qualquer tentativa de derrube. Quero ficar de pé para ter a certeza que sou, aquilo que sei ser: frágil,
demasiado, para duvidar dos passos em que caminho.

JOÃO COSTA

Publicada por Maria Antónia em Sábado, Novembro 26, 2011 0 comentários Etiquetas: DEMASIADO, FRÁGIL

PODES VOAR MESMO DE ASAS FERIDAS

SABIAS...
Sabias que o vento são segredos?
Que a chuva são lágrimas de anjos?
Sabias que os medos são correntes?
Que as paixões amarras?
Que os amores prisões?
...Sabias que se tiveres coragem, podes cruzar os céus e voar, mesmo de asas feridas?

Abel Fernandes Antunes
Publicada por Maria Antónia em Sábado, Setembro 24, 2011
Etiquetas: PODES VOAR MESMO DE ASAS FERIDAS

Pensamento de Fernando Pessoa...

Noite amiga...

Noite amiga...
Sou mar
és maré
por vezes tempestade
outras serenidade
mar sem maré
não é mar
maré sem mar
nada é.

Maria José Meireles

Pensamento...

Eu aceito a dor de amor, por enquanto...
Há uns tempos era impensável.

Margarida Cândida Jorge /27/4/2011)

O amor...

O amor...
Vulgarizam-no
Estes, há muitos por aí.
Não sabem
o belo que é
a magia
o único
e a dor.
É simplesmente
sentir-se VIVA!

Margarida Cândida Jorge /27/4/2011)

Contesto!

Pintura de Margarida Cândida Jorge

"As pessoas
perdem-se umas às outras
porque não olham na mesma direcção"
Contesto!
As pessoas
perdem-se umas às outras
porque não vêem
outras direcções
não as entendem
não as aceitam
e respeitam.
E, se alguém tem de ceder
não sempre o mesmo
é um trabalho de par.
Fecham as portas do coração
recusam aceitar o amor e a dor
recusam mostrar e proteger.
Coragem, atrevimento!
Quantos? Eu espero...
Eu aceito isto.
O que eu faço por amor...

Margarida Cândida Jorge /27/4/2011

Estou só?

Estou só?
Não, sinto-me só
e desfeita.
Tenho a alma revestida de saudades
e de deliciosos momentos
mas não de esperanças.
Ouço a tua voz insegura
dizendo sempre que vens, que ligas.
Serenamente espero
porque sei que...
Não ligas e não vens.

Margarida Cândida Jorge (7/5/2011)

Concordância e saudades...

Concordância e saudades
dizes
e vias de extinção
não peças a nenhum deus
o livro de reclamações
nem o mapa íntimo
de todas as distâncias
escreve antes virtudes e rumores
no lugar da ausência
canções de amor talvez
cânticos celestiais
outros sonharão o vento
certamente
mas será ainda na perfeição
que nos guardaremos
como segredo."

Ademar

Se me pedires...

Um dia...
se me pedires
deixar-te
finjo de mentira.
Verdade
só nos momentos eternos
isso é o importante.
O essencial.

Margarida Cândida Jorge (25/7/2011)

Descobri...

Gosto de te ver livre
como um pássaro
numa gaiola sem grades
para te encontrares.
Não vejo sombras
sombras que conheci bem
como os espinhos das rosas que apanhei
e nas pedras que tropecei.
Num céu e num Oceano
de um azul cristal e profundo
encontrei alguém que me enlaçou
em braços de seda.
Descobri...
Outra forma de amar.

Margarida Cândida Jorge

E aprendi...

Numa primavera
encontrei uma razão.
Inundada de beleza e felicidade
sonhei com castelos
em rosas transformei
numa tela.
Falaste das tuas travessuras
conheci-as todas
as mais belas
as mais felizes
entendi a tua forma de ser e amar
ensinaste-me a lidar com ela
E aprendi...

Margarida Cândida Jorge

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Palavras falsas

Palavras falsas
já as conhecia
não as esperava.
Palavras que ouvi
pelas palavras que senti.
Tal como as ondas
enrolam-se umas nas outras
num susurro
não se apercebe quando
acaba uma e começa outra
como num mar brando.
Ficas atenta e ausente
perante tanta beleza
a do mar.
E mal ouves as palavras
o espanto e dor.
Perante a falsidade
a humilhação
a mentira.
O silêncio é experiência
reservas para não dar a entender
sabes que tem de ser assim
senão perdes.
Não me perco
posso é encontrar-me...

Margarida Cândida Jorge (9/5/2011)

O inexplicável...

Gostava de conseguir explicar,
Contigo partilhar palavras,
Gestos,
Momentos e sentimentos,
Todo o prazer,
Na noite, no dia,
No calor ou no frio,
Só,
Sorrio,
Consciente de quem sou não me comparo,
Olho de frente o desafio com que me deparo,
Sinto-me nervoso, ansioso,
Envolto neste silêncio simples,
Delicioso,
Permanente esta minha vontade pela verdade que agora sei,
Tu és a minha cara-metade,
A mulher que sempre procurei,
Fecho os olhos lentamente,
Imagino-te,
Permaneço fechado na minha mente,
Sem conseguir explicar,
Partilhar o que o meu corpo sente…

Luís MCFerreira

Cântico celestial..

Encontro-te
na fronteira
entre o céu e o inferno
onde me esperas
fora do tempo
em segredo
e em silêncio.

Maria José Meireles

Há certas coisas...

"Há certas horas, em que não precisamos de um amor, não precisamos da paixão desmedida, não queremos beijo na boca e nem corpos a se encontrar na maciez de uma cama. Há certas horas, que só queremos a mão no ombro, o abraço apertado ou mesmo o estar ali, quietinho, ao lado, sem nada dizer..."

William Shakespeare

Lutei com as palavras...

Hoje...
Lutei com as palavras
e elas brincaram comigo
acariciaram-me.
Tanto me rendi ao cansaço
que nem senti falta de "mim"...

Margarida Cândida Jorge

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Posso ter defeitos...

Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes mas não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo, e posso evitar que ela vá à falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história. É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma.
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um "não".
É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.
Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo…

Fernando Pessoa

domingo, 13 de novembro de 2011

Sorri quando a dor te torturar...

Sorri quando a dor te torturar
E a saudade atormentar
Os teus dias tristonhos vazios

Sorri quando tudo terminar
Quando nada mais restar
Do teu sonho encantador

Sorri quando o sol perder a luz
E sentires uma cruz
Nos teus ombros cansados doridos

Sorri vai mentindo a sua dor
E ao notar que tu sorris
Todo mundo irá supor
Que és feliz.

Charlie Chaplin

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Caminhos em flor...

Caminhos em flor
encruzilhada de papoilas
margaridas e magnólias
tílias e plátanos
e outras flores nuas...
que cintilam encantamento!

Trigais ao pôr-do-sol
com contornos bordados em silêncio.
Frio e calor de mãos dadas
e sonhos espalhados...
num jardim de sentimento!

Espelhos de água
de azul infinito e profundo,
perfume e pureza magnânima...
borbulhando no firmamento!

...e ainda nos sopra a música
no borburinho solto pelo vento...

(Antonio Carlos Santos-10/9/2011)

Antologia poética (6)...

Iniciação...

Não cobiço nem disputo os teus olhos
não estou sequer à espera que me deixes ver através dos teus olhos
nem sei tão pouco se quero ver o que vêem e do modo como vêem os teus olhos
Nada do que possas ver me levará a ver e a pensar contigo
se eu não for capaz de aprender a ver pelos meus olhos e a pensar comigo
Não me digas como se caminha e por onde é o caminho
deixa-me simplesmente acompanhar-te quando eu quiser
Se o caminho dos teus passos estiver iluminado
pela mais cintilante das estrelas que espreitam as noites e os dias
mesmo que tu me percas e eu te perca
algures na caminhada certamente nos reencontraremos
Não me expliques como deverei ser
quando um dia as circunstâncias quiserem que eu me encontre
no espaço e no tempo de condições que tu entendes e dominas
Semeia-te como és e oferece-te simplesmente à colheita de todas as horas
Não me prendas as mãos
não faças delas instrumento dócil de inspirações que ainda não vivi
Deixa-me arriscar o barro talvez impróprio
na oficina onde ganham forma e paixão todos os sonhos que antecipam o futuro
E não me obrigues a ler os livros que eu ainda não adivinhei
nem queiras que eu saiba o que ainda não sou capaz de interrogar
Protege-me das incursões obrigatórias que sufocam o prazer da descoberta
e com o silêncio (intimamente sábio) das tuas palavras e dos teus gestos
ajuda-me serenamente a ler e a escrever a minha própria vida.

Ademar

terça-feira, 1 de novembro de 2011

"Se você não consegue entender o meu silêncio de nada adiantarão as palavras, pois é no silêncio das minhas palavras que estão todos os meus maiores sentimentos."
Oscar Wilde