domingo, 25 de março de 2012
FOLHA AO VENTO
Sou folha varrida pelo vento
seca
desmembrada
de minha mãe arrancada
do seio que me acolheu
Sou folha varrida pelo vento
que apesar de tudo viveu
Sou folha feita sentimento
andando ao sabor do vento
sou levada pelos ares
sem rumo nem destino
Talvez venha a bater à tua porta
ficar num canto da tua janela
talvez nem dês por mim
mas eu vou ficar
até o vento de novo me levar
Mas se por acaso de mim te aperceberes
não me varras para longe
deixa-me apenas ficar
na janela dos teus quereres
pertinho do teu olhar...
Talvez se me acolheres
o vento não me queira mais levar...
São Reis
O SILÊNCIO, AS PALAVRAS E EU
Às vezes nem sei porque escrevo
Se as palavras caem no silêncio do papel
imberbes e caladas como sempre o foram
O silêncio.... nem esse me responde...
é como se as palavras caíssem mudas
e mais mudas ainda ficassem só porque nele cairam
Não sei porque ainda me dou ao trabalho de escrever
se nada muda, se tudo fica como está
Se não chego aonde quero
e continuo sem perceber o que antes já não entendia
Mas algo me empurra e eu continuo a escrever
apesar de saber que ninguém me ouve
me entende
ou faz sequer um esforço para entender
Por isso continuo a escrever-me
a escrever-te
a reescrever-me-te
e a repetir vezes sem conta
a mesma coisa até à exaustão
Escrever é assim para mim
como uma catarse obrigatória
uma necessidade de estar comigo
tal como às vezes preciso de estar com Deus
apesar de saber que Ele também não me ouve
No fundo a gente escreve e reza
esperando que o silêncio se pronuncie
que fale connosco
se manifeste
nos responda...
Nem que seja para que no fundo
a gente sinira que alguém nos ouviu...
....ainda que esse alguém seja tão-só
um silêncio ensurdecedor...
São Reis
Se as palavras caem no silêncio do papel
imberbes e caladas como sempre o foram
O silêncio.... nem esse me responde...
é como se as palavras caíssem mudas
e mais mudas ainda ficassem só porque nele cairam
Não sei porque ainda me dou ao trabalho de escrever
se nada muda, se tudo fica como está
Se não chego aonde quero
e continuo sem perceber o que antes já não entendia
Mas algo me empurra e eu continuo a escrever
apesar de saber que ninguém me ouve
me entende
ou faz sequer um esforço para entender
Por isso continuo a escrever-me
a escrever-te
a reescrever-me-te
e a repetir vezes sem conta
a mesma coisa até à exaustão
Escrever é assim para mim
como uma catarse obrigatória
uma necessidade de estar comigo
tal como às vezes preciso de estar com Deus
apesar de saber que Ele também não me ouve
No fundo a gente escreve e reza
esperando que o silêncio se pronuncie
que fale connosco
se manifeste
nos responda...
Nem que seja para que no fundo
a gente sinira que alguém nos ouviu...
....ainda que esse alguém seja tão-só
um silêncio ensurdecedor...
São Reis
sábado, 3 de março de 2012
Não desejo...
Pintura de Jackson Pollock
Não desejo
ser filha do deserto
nem do vazio.
Tento aprender a ser sozinha
rir com os olhos e a alma
ser minha companheira
ser feliz...
Mas um dia
haverá braços que me abraçarão
mãos mágicas que me tocarão
ternamente e eternamente
porque um beijo foi pedido
e ficou prometido...
Margarida Cândida Jorge
Não desejo
ser filha do deserto
nem do vazio.
Tento aprender a ser sozinha
rir com os olhos e a alma
ser minha companheira
ser feliz...
Mas um dia
haverá braços que me abraçarão
mãos mágicas que me tocarão
ternamente e eternamente
porque um beijo foi pedido
e ficou prometido...
Margarida Cândida Jorge
O beijo que me deste
O beijo que me deste
foge às palavras...
Foi cósmico e multicolor.
Foi o respirar das garças
em voo pela minha alma.
Foi ponteiro da vida,
respirar e florescer
brotar de suspiros.
Foi oceano de silêncios
seiva renascida
sol sob as azáleas
mastro sem velas ao vento.
Foi a ultima gota de sangue
em fogo cruzado
mas choro para que me beijes...
...outra vez!
António Carlos Santos
foge às palavras...
Foi cósmico e multicolor.
Foi o respirar das garças
em voo pela minha alma.
Foi ponteiro da vida,
respirar e florescer
brotar de suspiros.
Foi oceano de silêncios
seiva renascida
sol sob as azáleas
mastro sem velas ao vento.
Foi a ultima gota de sangue
em fogo cruzado
mas choro para que me beijes...
...outra vez!
António Carlos Santos
O toque era música...
Pintura de Lee Krasner
Tinha as mãos vazias
mal tocava nas teclas.
Ouvi sonatas
ouvi sons de cansaço
histórias de amor que não se veste e se despe.
Entre rio e mar
ficaram dúvidas
um som ensurdecia as vozes
um abraço prometido realizou-se
e um toque mágico será memória.
Passearei contigo eternamente
num porto sonhos
e viajarei sem saber para onde...
Parti sem dizer
que o teu toque era música.
Margarida Cândida Jorge
Subscrever:
Mensagens (Atom)