sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Conta comigo sempre...



Conta comigo sempre. Desde a sílaba inicial até à última gota de sangue. Venho do silêncio incerto do poema e sou, umas vezes constelação e outras vezes árvore, tantas vezes equilíbrio, outras tantas tempestade. A nossa memória é um mistério, recordo-me de uma música maravilhosa que nunca ouvi, na qual consigo distinguir com clareza as flautas, os violinos, o oboé.

O sonho é, e será sempre e apenas, dos vivos, dos que mastigam o pão amadurecido da dúvida e a carne deslumbrada das pupilas. Estou entre vazios e plenitudes, encho as mãos com uma fragilidade que é um pássaro sábio e distraído que se aninha no coração e se alimenta de amor, esse amor acima do desejo, bem acima do sofrimento.
Conta comigo sempre. Piso as mesmas pedras que tu pisas, ergo-me da face da mesma moeda em que te reconheço, contigo quero festejar dias antigos e os dias que hão-de vir, contigo repartirei também a minha fome mas, e sobretudo, repartirei até o que é indivisível. Tu sabes onde estou.
Sabes como me chamo. Estarei presente quando já mais ninguém estiver contigo, quando chegar a hora decisiva e não encontrares mais esperança, quando a tua antiga coragem vacilar. Caminharei a teu lado. Haverá, decerto, algumas flores derrubadas, mas haverá igualmente um sol limpo que interrogará as tuas mãos e que te ajudará a encontrar, entre as respostas possíveis, as mais humildes, quero eu dizer, as mais sábias e as mais livres.
Conta comigo.
Sempre.


Joaquim Pessoa

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Basta sermos autênticos!

Se uma palavra bastasse
para dizer o que sinto
porque não há palavras inventadas
para lutar com o que vivo
para dizer o que guardei
num oceano de sentimentos
onde me afogo de felicidade e paz...
Tens sensibilidade e luz
e não é preciso provas
mas sim... uma loucura
de que existimos
e estamos juntos nesta amizade...
É fácil!!! Basta sermos autênticos!

Margarida Cândida Jorge

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Um abraço de alma...

Inesperado e sem pedir
alguém mo deu.
Dentro de mim
recebi o inexplicável
jamais sentido
tocou-me na minha essência
estremeci profundamente
porque me leram nos olhos
o segredo...
Recebi ternura, amor...uma força!
Corri emocionada
dei passos de agonia
soltei palavras
nasceu poema
e um doce anjo
conheceu a minha dor...

Margarida Cândida Jorge

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Caminha sereno...

Deixas no meu coração
a tua presença,
vertendo nos meus olhos
desejos e saudades que adivinho.
Sei que voas conhecedor
da liberdade e do refúgio
tens alma para explorar o mundo
mas persegues o amor.
Abres-te com doçura e reserva
sinto as tuas histórias
entrega-te aos sonhos
à esperança e à vida.
Caminha sereno
sobre as pedras que tropeçares,
comparte as tuas lições e ama sempre...

Margarida Cândida Jorge

E festa não chega!!!

És festa mágica
um palco de espetáculos
iluminados por um sem fim de
estrelas que dançam e
brindam este dia especial.
És mistério, irreverência
encanto...e liberdade.
És ave que voa e fascina
és o sol, céu, mar e sonhos.
Nenhuma palavra será completa,
desconhecida ou por inventar
para dizer quem és.
Não lutes, és festa
e serás sempre festa
para os que eternamente te amam.
E festa não chega!!!

Margarida Cândida Jorge

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Um voo de gaivota...

Trago no peito
um voo de gaivota
que luta contra o vento
um mar revolto e
ondas sem fim.
Encontros e desencontros
sem decisão.
Um amor sem espelho
um grito silencioso
e uma dor sem solução...

Margarida Cândida Jorge

domingo, 10 de junho de 2012

De mãos dadas...

De mãos dadas passeavam.
Mãos enlaçadas que baloiçavam
cheias de ternura e alegria
eternamente amavam-se.
Olhares cruzavam-se em sorrisos
não havia nada mais sublime
indiferentes ao mundo
reinavam o seu mundo.
Via-se o amor
da noite e do dia.
Via-se o sol
a dar brilho à lua.
Em mim desejei par
e uma lágrima derretida caiu.
Há-de ter meu corpo semelhante sonho?!
Em mim desejo uma mão
que me toque, me enlace
e me faça voar para os braços
de um amor infinito...

Margarida Cândida Jorge

Anuncias...

Pintura de Orlado Pompeu



Anuncias sonhos
rasgas caminhos
majestosas montanhas
recebes a magia do sol
e encontras-te no mar.

Anuncias alegria
irreverência
beleza e mistério.
Tocas no impossível
tornando possível.

Reinas sonhos
e em estado de ausência
brindo  a alegria... liberdade
como uma criança...

Margarida Cândida Jorge

Poema dedicado ao mestre Orlando Pompeu


domingo, 27 de maio de 2012

Partiste...

De ti
ficou a beleza do silêncio
a ternura das saudades
levaste sonhos distantes
palavras que não disseste
e que nunca me dirás.
Evito pensar
no que se afogou em memória
e que estremece sensações
por teres um coração solto
um olhar sedutor
uma nobre figura
capaz de um grande amor
quando encotrar quem
te souber despertar...

Margarida Cândida Jorge

quarta-feira, 16 de maio de 2012

E novamente

E novamente
um excepcional vento quente voltou.
Sussurrou-me segredos de saudade
afogou-me em ternuras
em aromas de amor
em sonhos do tamanho de um oceano
onde os céus, as estrelas e Sol não bastam
para serem par.
E eu que pensava que era eu, já não era
e também não sei quem sou...
Fiquei à deriva suspensa
não sei onde nem porquê
ou sei, mas impedida de gritar
e fugir procurando o que já tinha encontrado.
A certeza de que perdi minha bússola
a minha força
mas não o meu destino.
Porque um anjo amado e secreto
me abraçou ternamente e eternamente.
Partiu porque ama a vida e o Sol
que é tão belo quando nasce e mergulha no mar...

Margarida Cândida Jorge

sábado, 21 de abril de 2012

POEMA ACABADO

Foto de António Carlos Santos

Agora choro baixinho
os ecos da saudade,
o prelúdio dos sonhos
e o verso dos jardins floridos.
É como uma espada na estação das flores,
em sussurrantes devaneios
num instante feliz de mim.
Este suave infinito em azul
é uma asa cortada em cinzas uma fuga mística,
um suspiro um pedido de abrigo!
Dancei na tua meiguice,
e aí vivi no cume da vida com novas ilusões
o fogo do Amor em bulícios desvairados...
Dentro desta melancólica
saudade que irrompe o silêncio
há um despertar rutilante em uníssono de Amor e Vida.
Sonho a minha alma e liberto os meus véus
neste vasio obscuro de mim,
com palavras frágeis e efémeras mas com a tua música no coração!
Neste cruciante silêncio da alma fui em busca de inspiração,
em cada palavra transpirada, neste vestíbulo de Amor e Paixão.
E hoje o vento que aqui passou trouxe-me saudades Tuas...
dos nossos aturdentes sonhos e fantasias e das nuvens coloridas...
Como as ondas do mar, carinho,
deixaste-me um travo de água salgada
neste meu peito em vai e vem de dor tornando a minha vida uma madrugada.
Hoje vago entre a bonança, em busca das estrelas,
numa completa cessação de ventos
como sol e lua na busca de sonhos teus.
Este é um poema acabado
que me faz beijar a tua boca
e percorrer linhas de um céu
Teu assim como que um perpétuo beijar de poesia!

António Carlos Santos

sexta-feira, 6 de abril de 2012

VOLTEIO

Não sei porque ando por aqui
Menos sei o que aqui faço
Ando às voltas à procura
De uma razão

Não sei o que não faço aqui
Menos sei porque não o faço

Não sei o que faço ou não faço aqui
Mas sei que quando o faço me enriqueço
Quando nada faço me empobreço

Não sei porque ando aqui
Mas sei que aqui estou
Fazendo ou não fazendo

O resto, não me incomoda
Porque certamente já morri!


Delfim Peixoto

DESENCONTRO

Perdi-me perdendo-te de mim
Como brisa que toquei e não segurei
Como areia que toquei e ao mar deitei
Em ondas perdidas nas correntes fugazes

Sou o vazio, agora que o sol se põe,
Como noite sem lua ou estrelas
Ou como teclas silenciosas
Da melodia que cantei

Perdi-te, perdendo-me de ti
Como vento soprando forte
Na luz do farol dessa foz

Sou o que já nada sente
Senão o teu abraço de maresia
Que sinto sem os teus braços

Mas o mar trás memórias vivas
Nas ondas que entoam como a tua voz
E assim me encontro, encontrando-te onde me perdi.

Delfim Peixoto

Renova-te

Renova-te.
Renasce em ti mesmo.
Multiplica os teus olhos, para verem mais.
Multiplica-se os teus braços para semeares tudo.
Destrói os olhos que tiverem visto.
Cria outros, para as visões novas.
Destrói os braços que tiverem semeado,
Para se esquecerem de colher.
Sê sempre o mesmo.
Sempre outro. Mas sempre alto.
Sempre longe.
E dentro de tudo."

Cecília Meireles

domingo, 25 de março de 2012

FOLHA AO VENTO




Sou folha varrida pelo vento
seca
desmembrada
de minha mãe arrancada
do seio que me acolheu

Sou folha varrida pelo vento
que apesar de tudo viveu

Sou folha feita sentimento
andando ao sabor do vento
sou levada pelos ares
sem rumo nem destino

Talvez venha a bater à tua porta
ficar num canto da tua janela
talvez nem dês por mim
mas eu vou ficar
até o vento de novo me levar

Mas se por acaso de mim te aperceberes
não me varras para longe
deixa-me apenas ficar
na janela dos teus quereres
pertinho do teu olhar...

Talvez se me acolheres
o vento não me queira mais levar...

São Reis

O SILÊNCIO, AS PALAVRAS E EU

Às vezes nem sei porque escrevo
Se as palavras caem no silêncio do papel
imberbes e caladas como sempre o foram

O silêncio.... nem esse me responde...

é como se as palavras caíssem mudas
e mais mudas ainda ficassem só porque nele cairam

Não sei porque ainda me dou ao trabalho de escrever
se nada muda, se tudo fica como está
Se não chego aonde quero
e continuo sem perceber o que antes já não entendia

Mas algo me empurra e eu continuo a escrever
apesar de saber que ninguém me ouve
me entende
ou faz sequer um esforço para entender

Por isso continuo a escrever-me
a escrever-te
a reescrever-me-te
e a repetir vezes sem conta
a mesma coisa até à exaustão

Escrever é assim para mim
como uma catarse obrigatória
uma necessidade de estar comigo
tal como às vezes preciso de estar com Deus
apesar de saber que Ele também não me ouve

No fundo a gente escreve e reza
esperando que o silêncio se pronuncie
que fale connosco
se manifeste
nos responda...

Nem que seja para que no fundo
a gente sinira que alguém nos ouviu...
....ainda que esse alguém seja tão-só
um silêncio ensurdecedor...

São Reis

sábado, 3 de março de 2012

Não desejo...

Pintura de Jackson Pollock

Não desejo
ser filha do deserto
nem do vazio.
Tento aprender a ser sozinha
rir com os olhos e a alma
ser minha companheira
ser feliz...
Mas um dia
haverá braços que me abraçarão
mãos mágicas que me tocarão
ternamente e eternamente
porque um beijo foi pedido
e ficou prometido...

Margarida Cândida Jorge

O beijo que me deste

O beijo que me deste
foge às palavras...

Foi cósmico e multicolor.

Foi o respirar das garças
em voo pela minha alma.

Foi ponteiro da vida,
respirar e florescer
brotar de suspiros.

Foi oceano de silêncios
seiva renascida
sol sob as azáleas
mastro sem velas ao vento.

Foi a ultima gota de sangue
em fogo cruzado
mas choro para que me beijes...
...outra vez!

António Carlos Santos

O toque era música...


Pintura de Lee Krasner

Tinha as mãos vazias
mal tocava nas teclas.
Ouvi sonatas
ouvi sons de cansaço
histórias de amor que não se veste e se despe.
Entre rio e mar
ficaram dúvidas
um som ensurdecia as vozes
um abraço prometido realizou-se
e um toque mágico será memória.
Passearei contigo eternamente
num porto sonhos
e viajarei sem saber para onde...
Parti sem dizer
que o teu toque era música.


Margarida Cândida Jorge

domingo, 15 de janeiro de 2012

PRECISO DE ALGUÉM

Que me olhe nos olhos quando falo.
Que ouça as minhas tristezas e neuroses com paciência.
Preciso de alguém, que venha brigar ao meu lado sem precisar ser convocado; alguém Amigo o suficiente para dizer-me as verdades que não quero ouvir, mesmo sabendo que posso odia-lo por isso.
Neste mundo de céticos, preciso de alguém que creia, nesta coisa misteriosa, desacreditada, quase impossivel de encontrar: A Amizade.
Que teime em ser leal, simples e justo, que não vá embora se algum dia eu perder o meu ouro e não for mais a sensação da festa.
Preciso de um Amigo que receba com gratidão o meu auxílio, a minha mão estendida.
Mesmo que isto seja pouco para as suas necessidades.
Preciso de um Amigo que também seja companheiro, nas farras e pescarias, nas guerras e alegrias, e que no meio da tempestade, grite em coro comigo:
"Nós ainda vamos rir muito disso tudo"
Não pude escolher aqueles que me trouxeram ao mundo, mas posso escolher o meu Amigo.
E nessa busca empenho a minha própria alma, pois com uma Amizade Verdadeira, a vida se torna mais simples, mais rica e mais bela...

Charlie Chaplin

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Conhece alguém as fronteiras á sua alma...

Conhece alguém as fronteiras à sua alma, para que possa dizer - eu sou eu?

Fernando Pessoa

Adoramos a perfeição...

Adoramos a perfeição, porque não a podemos ter; repugna-la-íamos, se a tivéssemos. O perfeito é desumano, porque o humano é imperfeito.

Fernando Pessoa

O fim da arte...

O fim da arte inferior é agradar, o fim da arte média é elevar, o fim da arte superior é libertar.

Fernando Pessoa

Todo o homem que sente...

Todo o homem de ação é essencialmente animado e otimista porque quem não sente é feliz.

Fernando Pessoa

Tenho pena e não respondo.

Pintura de Júlio Resende

Tenho pena e não respondo.
Mas não tenho culpa enfim
De que em mim não correspondo
Ao outro que amaste em mim.

Cada um é muita gente.
Para mim sou quem me penso,
Para outros --- cada um sente
O que julga, e é um erro imenso.

Ah, deixem-me sossegar.
Não me sonhem nem me outrem.
Se eu não me quero encontrar,
Quererei que outros me encontrem?

Fernando Pessoa

Rosas vermelhas.


Pintura de Margarida Cândida Jorge

Não sei quantas almas tenho.

Foto de Lúcio Caldeira

Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem achei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,

Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem,
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.

Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo:Fui eu?
Deus sabe, porque o escreveu.

Fernando Pessoa

Pintura de Helena Abreu


Pintura de Helena Abreu

Não, não é cansaço...

Foto de Maria Linda

Não, não é cansaço...
É uma quantidade de desilusão
Que se me entranha na espécie de pensar.
É um domingo às avessas
Do sentimento,
Um feriado passado no abismo...
Não, cansaço não é...
É eu estar existindo
E também o mundo,
Com tudo aquilo que contém,
Como tudo aquilo que nele se desdobra
E afinal é a mesma coisa variada em cópias iguais.

Álvaro de Campos

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Algum desgosto prova muito amor...

Algum desgosto prova muito amor, mas muito desgosto revela demasiada falta de espírito.

William Shakespeare

É muito melhor viver...

É muito melhor viver sem felicidade do que sem amor.

William Shakespeare

Veja o mundo num grão de areia

Veja o mundo num grão de areia,
veja o céu em um campo florido,
guarde o infinito na palma da mão,
e a eternidade em uma hora de vida!

William Blake

Plante seu jardim ...

" Plante seu jardim e decore sua alma não fique esperando que alguem lhe traga flores..."

William Shakespeare

A NOITE



A noite cobre-se de magia,
veste-se de encanto e de luz,
há nela uma estrela que brilha
e que a minha mente seduz.

Exala aroma agradável,
quando nela paira o silêncio,
meu ser é mais afável,
ao inalar seu incenso.

É um pássaro que voa
bem alto no pensamento,
uma melodia que entoa,
poesia no firmamento.

Helena Martins
2011/09/09

Escrevo...

Pintura de Joan Mitchel

Escrevo,
Não sei quem vai ler,
Apenas sei que me faz bem,
Partilhar este meu modo de viver,
Talvez contigo também,
Se por um momento parares,
Leres,
Porque não até analisares,
Muito, muito mais além,
As palavras que aqui deixei,
São as melhores que encontrei,
Obrigado,
Agora sim,
Sinto que estás do meu lado...

Luís MCFerreira

Cada um tem um papel único na vida.

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"Cada um tem um papel único na vida. Todo mundo,
especialmente tu, és indispensável."
(Nathaniel Hawthorne)